Ouço música. Absorvo seus sons, sinto o ritmo e suas vibrações de energia. Os instrumentos tangidos rabiscam belíssimos arabescos por todo o silêncio e por todo o espaço. Acordes perfeitos se relacionam e encastelam harmonia em esplêndido concerto. Poesia e notas, assim o momento. Recordo instantes de felicidade, que vão e que vêm, como se fossem minuettos. A música assemelha-se a uma ninfa que de longe vem rodopiar, feito bailarina. Irrequieta, exala uníssonos perfeitos entre pianos e pianíssimos. Brinca e borboleteia. Arquejante, parece que vai desprover em sua própria formosura. Mais perto, ela se torna possessiva e poderosa, fortíssima, mas terna. Com violoncelos e contrabaixos adquire textura, retumba aos meus ouvidos e clama que eu vá. Depois, novamente calma e tão somente alegre, a orquestra me afaga ao som de violas e violinos. Embala-me, agora com leveza, e me encanta com sua majestade... E, em seu andante gracioso, devolve-me.
Uma pequena Serenata Noturna! Mozart.

Bolo de vinho


Texto e imagem: Ila