Então, escrevo para mim. Digito um pouco do que sou nesta tela. É uma espécie de desabafo com este computador amigo: ele me ouve, registra e concorda comigo. Através dele, olhos para o mundo, saio de casa. Penetro por esta técnica, da qual nada entendo, e alcanço milhas. A expressão é um espelho. Através dela mostro quem eu sou e me exponho. A escrita é uma espécie de parte, pedaços de mim que se formam em mensagem. As palavras são reveladoras. Algumas vezes, sei escolhê-las, outras vezes, me perco em seu universo e me falta o talento. Ai, palavras, que estranha potência a vossa, dizia Cecília. Sim, são poderosas e exigentes. É preciso saber manejá-las para delas emanar. Elas, quando as encontro, carregam-me para além de mim. Transportam-me para um lugar normalmente inacessível e me concedem felicidade. Então nos encontramos e juntas, vamos navegando. Flutuamos para um espaço só nosso. Talvez camuflado para o leitor. Talvez transparente. A gente nunca sabe.
Beijo no coração
Imagens: Ilaine