07 agosto 2013

Minha participação nos festejos de aniversário do blog da querida Norma:

 

Recordo a casa de meus avós paternos e volto a ter nove anos de idade. A velha alvenaria é uma construção majestosa, construída no século passado. Seu fundamento sólido foi arquitetado para durar centenas de anos, marcando - dessa forma - a trajetória de várias gerações. Volumosos pilares e grossas vigas revelam a fortaleza de sua edificação, cujo teto abriga os entusiasmos de vovó Ernestina e os silêncios de Pedro, nosso avô.

 Em cada novo amanhecer, Ernestina Guilhermina Elisabeth abre as janelas de sua casa... e o ar cheiroso do campo invade e perfuma os aposentos. Há poucos móveis. A cozinha é ampla e arejada. O guarda-louça é um imponente armário, uma espécie de cristaleira, que descansa em cima de dois pés esculpidos, em forma de patas de leão. Nas extremidades do móvel, estão gravados belos arabescos de videiras e de frutos. Na varanda, há uma mesa de madeira nobre, decorada com figuras de porcelana e com pedras semipreciosas. Todos os sábados, vovó vai ao jardim e corta flores frescas para seus jarros. Então, enfeita a mesa com uma toalha de algodão engomada, cujos bordados perfeitos lhe concedem singular beleza. São adornos bordados à luz esmaecida de um candelabro, em longas noites de conversas e de planos. Cada desenho cerzido na toalha, simboliza um sonho de Ernestina - menina-moça - educada para casar e gerar filhos. Com a mão enrugada, vovó acaricia os pontos coloridos do bordado e recorda o passado.  Seu seu coração lateja de saudades. 

Ernestina serve a sobremesa. O fogão a lenha esquenta o casarão nas tardes gélidas e nebulosas de julho, quando aconchegados, degustamos o doce cremoso das frutas em calda, enquanto observamos a vivacidade das labaredas do fogaréu. Lá fora, o vento minuano insiste em assobiar a mesma cantilena, fazendo estremecer o dia de tristeza e de frio. Com galhardia, a velha senhora narra a história de sua vida, a fábula da minha tribo. Um tênue fio do passado a conduz por um espaço luminoso e sossego - em seu depósito translúcido de recordações. Minha avó paterna ensina versos, canções, trava-línguas e contos populares, como se tirasse cenas de sua própria infância do avental xadrez que descansa em seu regaço. É hora do conto!

10 comentários:

CamomilaRosaeAlecrim disse...

Linda recordação e conto! A cozinha e o fogão a lenha ficam sempre nas memórias da gente, adorei!
Beijos e um ótimo dia!
CamomilaRosa

pensandoemfamilia disse...

Oi Ilaine

Um bonita forma de descrever, fazer um conto de suas vivencias.
Obrigada pela participação.
A festa é amanhã.
bjs

decorayadora disse...

Hola Iliane lindos recuerdos y bonita imagen
Cariños

Astrid Annabelle disse...

Lindo post sobre a sua avó!
Muito bom gosto Ila!
beijos
Astrid Annabelle

chica disse...

Lindas e doces recosdações,Ilana! beijos, pravbéns! chica

Toninho disse...

Perfeita na descrição posso sentir o cheiro bom do doce Ilaine.
Meu abraço de paz e luz.

Calu Barros disse...

Ila,
extrema doçura em cada linha contada sobre Dona Ernestina, figura amorosa, avó cuidadosa,pessoa suave.
Linda página esta aqui.Li e vi todos os encantos que vc descreveu.

Bom fim de semana.
Bjkas,
Calu

mollymell disse...

Olá Ila, tudo bem?

Que beleza de narrativa emoldurada por uma foto belíssima - um presente especial essa postagem.

Amanda disse...

Nostalgia! Ótima lembrança!

Roselia Bezerra disse...

Olá, querida
Ficou tão bonito e tão parecido com a realidade da casa da minha avó... Meu Deus!!!
Um encanto ler o seu post mesmo que tão tardiamente pois só hoje retornei de viagem de 16 dias...
Bjm de paz e bem